segunda-feira, 16 de maio de 2011

Recomendo...


























































Comento sobre os trabalhos de dois poetas mineiros, que recentemente lançaram seus livros e vem reunindo admiradores por onde passam, são eles: Irineu Baroni com o seu Poetisa e Rodrigo Starling com Nós e outros poemas.




NO CORAÇÃO DO “POETISA”




Por ser mamífero, o ser humano é bastante emotivo daí, talvez, o motivo pelo qual, décadas vão, décadas vem e o tema sentimento não se esgota nas criações artísticas. Ao ler Irineu Baroni, poeta da geração pós 80, que publicou seu livro de estreia pela Paco Editorial, de Jundiaí\SP, intitulado Poetisa fiquei refletindo sobre as multidões que veneram o rei Roberto Carlos e também em jovens e adultos da atualidade que curtem a balada romântica do Jota Quest: “quero um amor maior\um amor maior que eu\(...) pra saber se é amor\magoarei mesmo assim\ mesmo sem querer\pra saber se é amor\eu estarei mais feliz\mesmo morrendo de dor(...)” Baroni é um poeta moderno, não se prende a estilos, é livre, poético, emotivo...Por certo, muitos que leram esse livro, o qual teve uma excelente distribuição e venda, enxergaram preciosos detalhes no contexto dos poemas. Ressalto, entretanto, que Poetisa traz interessantes nuances do Romantismo: intensa valorização do amor, sentimentos de melancolia, solidão, religiosidade...Com a sensibilidade à flor da pele Baroni, sem reservas, deixa escorrer seus sentimentos num mar de emoção. Observem seu poema “Trapos”: “Num turbilhão de vidas, sem sentido,\Te encontrei...\Trapos desencontrados, apaixonado,\Te amei...\ Em busca de um caminho, atordoado,\Chorei...\Atordoado, apaixonado, sem sentido...\Perdido num caminho sem fim,\Errante, como tantos poetas,\Morrerei”. Observem este: “Era uma vez...\menina carente\em busca de luz\(...)\Surge em sua vida\um príncipe querido\e o amor desperta\(...)”. Há ritmo em seus versos: “(...)\os violinos choram,\pranteiam dor e sofrimento.\As mãos trêmulas\se entrelaçam\como nervosos mariscos\fugindo das redes malditas.\Os tambores rufam, as ondas quebram,\a melodia invade a alma...”
Com talento, o autor brinca com as palavras e constrói sonoridades verbais: “Toda Maria\Maria Atoa\Ria Toda\Maria Ria Atoa Toda...\Maria Doa Toda\Toda Dama Maria\Doa Rima\Ria Dama Trama Maria...\Maria Tira Dia\Atoa Maria Mira\Tara Trama Mira...\Ria Dama Ria Toda\Ria Rima Maria Ama\Maria Dama Ama...”Fala de tudo um pouco, inclusive de esperanças e fecha seu livro com um doce saudosismo, que pode levar o leitor a imaginar até onde irão as lembranças do autor: “Um lágrima brotou em teus olhos\e desceu pela tua face...\e naquele breve momento,\de beijos e abraços\com carinho e ternura,\nasceu a saudade.\que transformada em lágrima;\já doía...\(...)\doeu uma dor infinita,\sentir no teu abraço\o desejo de vir;\ficando...”Dos 73 poemas de Poetisa brotam sentimentos, muito íntimos, desse sensível autor.
Um livro que recomendo. Pela sensibilidade e competência poética do autor.
Irineu Baroni, descendente de italiano, nasceu numa fazenda de um lugarejo chamado Vargem Linda, no interior mineiro. A fotografia é uma aliada à sua “veia” poética, pois ele a considera a expressão da poesia em imagens... Cadeira 16 da Real Academia de Letras (Ordem da Confraria dos Poetas – Brasil. Participou de publicações em diversas Antologias: Uma História No Seu Tempo, Elo de Palavras, Enigmas do Amor e Encontro Pontual (21ª. Bienal internacional do livro de São Paulo em 2010), (Editora Scortecci); Poetas En/Cena2, Poetas En/Cena3, Poetas En/Cena4 e Poetas En/Cena5 (Belô Poético); Galeria Brasil 2009, Sonetos Eternos e Fronteiras, Realidade ou Ficção?, Agenda Literária 2011, (Editora Celeiro de Escritores), Poesia na Praça Sete, (Lei Municipal de Incentivo à Cultura), Antologia Literária Internacional Del Secchi vol. XX (RJ), Revista Caderno Literário (BH), Varal Antológico, publicado por Jacqueline Bulos Aisenman (Suíça), Antologia Palavras sem Fronteiras (Buenos Aires) e Antologia da Real Academia de Letras (Porto Alegre).




NÓS E OUTROS POEMAS: DE RODRIGO STARLING




Em Nós e outros poemas (Selo Editorial Starling), Rodrigo Starling nos apresenta uma obra poeticamente ousada, por misturar-se entre o arcaico e o moderno, o sacro e o profano, o lógico e o surreal. Consciente, o autor não se propõe à nada de novo com esse livro. Importante ressaltar que reconheço que já me equivoquei em comentar sobre possíveis experimentalismos, que não chegam a ser inovações poéticas; hoje revejo certos trabalhos e percebo que não tem consistência para tanto. Muitos vem tentando, sem sucesso; pois desde A luta corporal, do poeta Ferreira Gullar, livro publicado em 1954, no qual o poeta quebra a poética; nada, mas nada de novo mesmo surgiu (com exceção da Poesia Concreta, logo após). Vivemos pois, na mesmice desde a década de 50. Há na poesia de Rodrigo Starling (que não se parece à nenhuma outra, por ter identidade própria) uma agressividade lírica e doce, que atinge o leitor em cheio, com metáforas bem criativas. “(...)\Nós,\que acordamos com a enxada nos dentes\e almoçamos à trítono\o clitóris urbano\(...)”Poesia que em certos momentos nos parece conservadora aos extremos, noutros avança o sinal vermelho ao dizer: “Ateio fogo nas tradições\ateio novamente (de roldão)\ate(i)u, ainda que me queima\teu olhar inquisição”Com uma amorosidade erótica, entra profundamente no “dantesco” (de Dante e seus infernos) e ecologicamente verseja: “(...)\Morderei seu ar-\Busto a secar a seiva\D`árvore impura\(...)”O poeta coloca-se num grau de liberdade mor com sua poética e ao rebelar-se alcança, sim, um amadurecimento no seu liberto poetar; ao explodir-se em nove páginas, num longo e propositalmente cansativo poema, intitulado inteligentemente de “Cansei”. Esse, para mim, o melhor poema do livro, pelo lírico nocaute na falsa hipocrisia que permeia o universo poético e humano.Em “Ejaculatórias” passeia pelo clássico, rimando, por exemplo, amor com labor, sem perder em qualidade. “Porto de partida” é um poema que nos parece um fado poema, um trabalho bem lapidado, digno dos grandes poemas.Em “BH Flâneur” sentimos um quê de saudosismo, lirismo e melancolia. Nele, o autor ousa uma rima sonora, rimando a palavra “estátua” com “mágoa”.Com o lançamento de Nós e outros poemas, Rodrigo Starling inaugura também o Projeto Livro Sustentável. Trata-se uma ideia inovadora que visa alinhar o conceito de sustentabilidade, pauta nas agendas nacionais e internacionais, como proposta para o rebranding - “esverdeamento” - do mercado editorial. O projeto apresenta os seguintes objetivos estratégicos: baixo custo na publicação e distribuição das obras (eixo econômico); doação de percentual das vendas para uma organização sem fins lucrativos (eixo social); utilização de fontes mistas ou recicláveis (eixo ambiental).Em sua primeira edição, a entidade contemplada será a Oficina de Produção Artística – OPA! em que Rodrigo é o idealizador e atual presidente. Fundada em 2004, a OPA! é uma entidade civil sem fins lucrativos que tem por princípio e finalidade estimular o ensino, aprendizagem, pesquisa e promoção de atividades na área de cultura e educação, aliando ações de responsabilidade social e voluntariado a programas para a geração de renda. A organização, que também está alinhada aos conceitos de sustentabilidade, tem contribuído para a formação de um novo profissional no mercado: o Artista Empreendedor.Rodrigo Starling, que é natural de Belo Horizonte. É filósofo e poeta. Publicou anteriormente quatro livros: Paz: o começo (2002), Alea Jacta Est (2003), Breviários do Cárcere (2004) e Confessório Ardente (2006). Figura nas coletâneas Terças Poéticas (2006) e Poesia na Praça Sete (2006-2009). Co-fundador da banda de Rock Progressivo Nebula Dux, teve o poema Prelúdio musicado em single homônimo de 2004. Em 2008, recebeu Menção no Prêmio NOSSIDE, maior concurso de poesias inéditas do mundo, promovido pelo Centro Studi Bosio, Itália. O Prêmio faz parte da UNESCO World Poetry Directory e da Alianza Global para la Diversidad Cultural. Em sua 24ª edição, contou com participantes de todos os Continentes, provenientes de 40 países em 29 línguas. Rodrigo é voluntário em entidades nacionais e internacionais, tais como o VIDES (Voluntariado Internacional de Desenvolvimento e Educação Social do Brasil) e o COEP (Comitê de Entidades no Combate a Fome e Pela Vida), tendo atuado, respectivamente, como Presidente (2009-2010) e Secretário Executivo Adjunto (2008-2010). Em 2009, integrou a Coordenadoria de Iniciativas para a Sustentabilidade da AIESEC BH, entidade com status consultivo junto à ONU. Ainda em 2008, foi agraciado com a “Medalha do Mérito Resgate da Cidadania”, em cerimônia realizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte. É pós-graduado em Gestão de Políticas Sociais (PUC Minas) e mestrando em Ciências Políticas pela ULHT, Portugal. Atualmente é coordenador de projetos sociais do Instituto de Gestão Organizacional e Tecnologia Aplicada – IGETEC.É visível o crescimento criativo e literário de Rodrigo Starling. Nós e outros poemas é um livro rico, forte, belo, ousado e instigante, escrito por um poeta consciente do que deseja realmente dizer ao leitor. Por isso pode com certeza, figurar entre os grandes livros de poemas publicados em 2010. Vale muito sim, a pena ler.





Contatos: Irineu Baroni: irineubaroni@globo.com



Rodrigo Starling: rodrigostarling@ig.com.br