segunda-feira, 8 de outubro de 2012

“Geraldo Vandré – a vida não se resume em festivais”: de Dalva Silveira





“Geraldo não foi preso nem foi torturado. Mas para um cara como ele, se lhe tivessem arrancado três unhas, dado choques elétricos, teria sido menos grave do que a castração de seu espaço artístico. O exílio para Geraldo foi enlouquecedor. O Geraldo era fruto de uma vontade ferrenha de ser um artista popular, no sentido de reformular as expressões culturais do povo e entregá-las de volta. Deu a vida dele para isso, entregou-se totalmente à sua arte.”

(Depoimento de Nilce Tranjan, primeira esposa de Geraldo Vandré a revista MPB Compositores)

 

Geraldo Vandré é um mistério. Ganhador do primeiro lugar no II Festival de Música Popular da TV Excelsior, em 1966 com “Porta Estandarte”, parceria com o maestro Fernando Lona, até a consagração com o segundo lugar no III Festival Internacional da Canção, com “Pra não dizer que não falei das flores”, no qual Chico Buarque e Tom Jobim venceram embaixo da vaias com a belíssima “Sabiá”, também política, porém pela letra mais metaforizada, não teve entendimento do público. A perseguição e o exílio, depois a volta e o ostracismo, voltando a ser apenas o advogado Geraldo Pedrosa de Araújo Dias. Dono de uma sensibilidade humanamente artística, compôs canções para a MPB (ele nunca aceitou a posição de cantor de protesto) como “Disparada” parceria com Théo de Barros, empatada em primeiro lugar no II Festival de Música Popular Brasileira em 1966, com uma emocionante interpretação de Jair Rodrigues; antes, em 1965 havia composto a trilha sonora do filme “A hora e a vez de Augusto Matraga” , do diretor Roberto Santos, baseado num conto de Guimarães Rosa, Vandré fez história e desapareceu, deixando uma lacuna enorme no tempo e na história da nossa Música Popular Brasileira.

E justamente para suprir a falta de algo mais acessível ao público sobre o compositor, a escritora Dalva Silveira lançou pela Fino Traço Editora o livro “Geraldo Vandré – a vida não se resume em festivais”.

Neste estudo sobre Vandré, a escritora desnuda a figura mítica de artista, porém com um profissionalismo ao extremo, sem deixar transparecer sua opinião pessoal, deixando que o leitor tire suas próprias conclusões.

Dalva diz que escolheu o tema em função de motivações pessoais – é admiradora da música de Vandré, que ouvia em casa quando criança – e da possibilidade de dar a elas um âmbito mais amplo, político, histórico e social. “Sempre me tocou muito a música do Vandré, e também os boatos, depois que ele voltou do exílio, de que estava louco, tinha sofrido lavagem cerebral. Quando entrei no curso de história, na UFMG, me reencontrei com aquele período e quis falar dele, a partir do Vandré”, aponta.

O titulo veio do famoso discurso de Vandré sobre as vaias a música “Sabiá” de Chico e Tom, o qual é reproduzido no livro. Vejamos abaixo:

“Olha, sabe o que eu acho? Uma coisa só... mas Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque de Holanda mereceu nosso respeito (aplausos). A nossa função é fazer canções. A função de julgar, neste instante, é do juri que está ali (vaias)... Um moment! (mais vaias, longas)... Por favor, por favor, (mais vaias)... E tem mais uma coisa só. Pra vocês, pra vocês que continuam pensando que me apoiam vaiando. (“É marmelada, é marmelada, é marmelada”) Olha tem uma coisa só. A vida não se resume em festivais.”

Para escrever seu livro, Dalva Silveira analisou 68 matérias de revistas e jornais publicadas entre 1966 e 2009 e se propôs a descobrirm até que ponto a imprensa brasileira contribuiu para a construção do enigma em torno do compositor. Para a escritora, a imprensa contribuiu sim, para a criação do imaginário sobre a vida pós “Caminhando” do compositor Geraldo Vandré. Entretanto esses fatos o transformaram em mito.

Geraldo Pedroso de Araújo Dias Vandregísilio  nasceu em 1935, em João Pessoa, na Paraíba. Adotou o nome artístico de Geraldo Vandré em homenagem ao seu pai, José Vandregísilio. Começou a carreira na década de 1960 e ficou famoso por canções  como “Disparada”, “ Porta-estandarte”  e” Pra não dizer que não falei das flores”, que se tornou hino contra a ditadura militar. Foi obrigado a deixar o país em 1969. Quando voltou, parecia demonstrar novas opiniões em relação à política. Deixou de criticar os militares e fez a música “Fabiana” em homenagem à Força Aérea Brasileira (FAB). Abandonou os palcos e se transformou no enigma da MPB.

Dalva Silveira é natural de Belo Horizonte\MG. Graduou-se em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e concluiu a sua especialização em Ensino Técnico, pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET\MG). Posteriormente, defendeu o seu mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC\SP). Atualmente é funcionária da Rede Particular de Ensino de Belo Horizonte\MG.

“Geraldo Vandré – a vida não se resume em festivais” é um livro necessário para quem quer conhecer melhor uma boa parte da história da nossa MPB, para quem admira Geraldo Vandré e mais urgente ainda, para quem precisa aprender a compreender o ser humano com todos os seus erros e acertos.

Contatos com a autora: dalvasilveira@yahoo.com.br – (31) 9745.6939.

domingo, 13 de maio de 2012


“Batalha dos Anjos”, um romance educativo e envolvente



Gilson Pinheiro, autor de Lendas Sagradas” (Editora Novo Século) e dessa Batalha dos Anjos é um escritor e pesquisador minucioso, sua pesquisa é tão apurada que a impressão que se tem é que ele vivencia tal realidade  e conhece de perto o conteúdo que relata.   Em “Batalha dos Anjos” (Editora Novo Século) cada informação é meticulosamente explicada. Um romance surpreendente. O livro de 312 páginas, apresenta características de alguns romances espíritas psicografados, ressalto, entretanto que o autor pelo que me consta,ão é seguidor da doutrina espírita.

Romance que em determinados momentos nos parece surreal traz em sua narrativa lições, que nos ensinam a filosofia do bem.

Como um bom livro policial – mesmo que seu autor não se proponha a isso – , mesclando fortes paixões, o livro desperta a curiosidade do leitor e o leva a ter necessidade de sempre virar a próxima página.

“Batalha dos Anjos” narra sobre uma seita intitulada Nefilin  e seus membros que queriam abrir uma “porta” no dispositivo LHC a fim de libertar seu suposto “Deus” Azazel. Mas para isso haveria a necessidade de um médium com poderes físicos. É aí que essa história toda começa a tomar rumo no Brasil, mais precisamente em Goiania, centro-oeste do país. Os membros dessa seita precisavam do único médium no mundo capaz de liberar o suposto deus Azazel para a humanidade. Numa brincadeira nosso herói ao mostrar seus “truques de mágica” acaba atraindo maus espíritos, o que leva a seita a descobri-lo. Daí que por obra do destino, Henrique acaba conhecendo Francisco, um médium que se torna seu grande amigo. Ao ser convidado para passar um tempo no Templo da Fraternidade, ele aceita e lá, num retiro espiritual conhece Leila, moça pura e casta e os dois se apaixonam. Bem, chega de contar a historia, senão o possível leitor que está lendo este comentário perderá o interesse pela leitura dessa “Batalha dos Anjos”.

Se em “Lendas Sagradas”, livro de estreia de Gilson Pinheiro ele já se mostrava um autor que tecnicamente buscava a perfeição, por fazer uma literatura enxuta e antes de tudo, informativa, este “Batalha dos Anjos” vem definitivamente colocar seu autor no patamar dos grandes escritores contemporâneos brasileiros e com um detalhe importante: é um autor novo, estreante. Este é antes de tudo, um romance educativo e envolvente e que nos deixa como ensinamento que antes de pensarmos em cometer nossas vinganças por mágoas pessoais, devemos pensar em fazer a coisa certa, procurando justiça sem necessariamente cometermos atos ilícitos.

Gilson Pinheiro é natural de Belo Horizonte. Filho da ex vereadora Conceição Pinheiro, é músico e historiador e agora nos mostra seu lado escritor.
Contatos: gilson.cia.ltda@bol.com.br