Quando em novembro 1968 John Lennon e Yoko Ono lançaram o LP Two Virgins, album experimental com gravações caseiras foi um escândalo, a principio, pela capa, na qual apareciam nus. Entre outras coisas, o disco trazia gritos do casal, projetados através de canos PVC. John gritava e utilizava, ali, a técnica terapêutica do grito primal de Arthur Janov. Possivelmente ali estaria uma bela demonstração de poesia sonora. Por que não?
Após encontrar, depois de quatro anos, entre papéis de sua estante, o cartaz e o catálogo do Festival Internacional de Poesia Sonora, a escritora, poeta e jornalista Brenda Marques Pena sentiu-se instigada a percorrer esse caminho e pesquisar sobre o tema. Fruto de uma dissertação de mestrado para a UFMG surge Poesia Sonora – História e desdobramentos de uma vanguarda poética (Tradição Planalto).
Consciente de que são escassos os trabalhos de invistigação sobre a poesia sonora, Brenda Marques Pena, mestre em literatura e sistemas semióticos, com ousadia, dinamismo e inteligência não deixou-se intimidar e trouxe a público um importante trabalho de pesquisa, o qual por certo, muito contribuirá com as futuras pesquisas que tratarem do assunto.
Um dos pontos fortes do livro foi a capacidade que a autora teve, ao realizar um trabalho transdisciplinar, já que sua pesquisa perpassa, principalmente, pela música, cinema, poesia, história e artes plásticas; para oferecer ao leitor um refinado panorama histórico, permeado de complexidades que sustentam uma didática poética, que se faz agradável à leitura de cada capítulo. As informações, tão bem pontuadas, fazem de Brenda, uma pesquisadora com requintes de historiadora. Portanto, não é gratuita a maneira pela qual, a mesma é chamada de multifacetária.
Os poetas Stephane Mallarmé, Ezra Pound, Oswald de Andrade e James Joyce, os músicos Anton Webern e John Cage e os pintores e escultores Kasimir Malevich, Piet Mondrian e Marcel Duchamp, além do cineasta Serguei Eisenstein, citados no livro, são alguns dos artistas que muito influenciaram a poesia sonora.
O saudoso poeta e ensaista paulista Philadelpho Menezes (1960-2000), principal nome da poesia sonora no Brasil, foi uma das referências mais importantes na pesquisa de Brenda Mars.
Poesia Sonora – História e desdobramentos de uma vanguarda poética traz entrevistas com Boris Shnaiderman, crítico literário e tradutor de Maiakovski; e com os poetas e pesquisadores Lúcio Agra, Marcelo Dolabela, Ricardo Aleixo, Vera Casa Nova e Wilton Azevedo.
Poesia Sonora – História e desdobramentos de uma vanguarda poética vai fundo numa pesquisa minuciosa que, servirá como uma das maiores referências sobre o assunto para estudos futuros.
Brenda Marques Pena é presidente do Instituto Imersão Latina (IMEL) e cônsul de Poetas del Mundo em Belo Horizonte. Publicou “O ritual da mulher poligrota” no livro Letras de Babel 4 (abrace - 2009). É uma das participantes de Mulheres no Banquete de Eros/Mujeres en el Banquete de Eros (abrace – 2008). Tem na bagagem apresentações sobre o assunto no Brasil, Cuba, Venezuela, Argentina, Chile, Estados Unidos e França. Foi uma das palestrantes no V Belô Poético – Encontro Nacional de Poesia de Belo Horizonte em 2009, participou da coletânea Poetas En/Cena 3 (Belô Poético – 2009) e é a organizadora do livro Nós da Poesia (All Print – 2009).
Poesia Sonora – História e desdobramentos de uma vanguarda poética é uma obra de extrema importância para quem pesquisa poesia em todos os aspectos.
Contatos: brendajornalista@gmail.com (autora) – contato@tradicaoplanalto.com.br (Editora).
Rogério. Espero que cada dia mais leitores, ouvintes e poetas aprendam com a poesia sonora e descobrir aqueles sons ignorados em nossa volta e com eles passem a experimentar para produzir novos significados. Um abraço, Brenda.
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