Paul McCartney cantou ao mundo que: “Ébano e Marfim/ vivem juntos em perfeita harmonia,/lado a lado no teclado do meu piano.” Canção esta que inspirou uma belíssima letra escrita por Milton Nascimento, musicada por Tunay em “Certas canções”.
São raras criativas criações e inspirações, como essas, que me fazem arrepiar. E essa deliciosa sensação de frio na espinha experimentei novamente quando li o livro de poemas: Musikaligrafia, (Editora Scriptum), de Kiko Ferreira.
A sensibilidade deste poeta é dessas que só encontramos em mentes complexamente leves. Sua poesia tem alma, metáforas, imagens e muito mais a ser decifrado nas entrelinhas de cada poema. Com certeza agradará a todos, inclusive aquele leitor de gosto mais refinado.
Escrito nos últimos dois anos, Musikaligrafia traz interessantes diálogos da música com a poesia. Nele, o autor enxuga palavras ao mesmo tempo em que deixa escorrer reflexões, ao longo de suas 88 páginas. O resultado foi um dos melhores livros de poesia publicados neste ano de 2009. Vejamos: “entre ponto e ponto/entre nota e verso/entre dentes/entre mentes/entre tantos sucessos/soluço e solidão” - “tudo muito culto./tudo muito curto./aparado curto/aparado/mestrado/calculado/doutorado” – “antenas/entre/refrões/de incertas canções/que não ouço/m a i s”
A concepção gráfica é de Fernanda Moraes que sugere, no contexto de sua criação, tanto um caderno de caligrafia, desses que se usava na escola para ensinar a escrever bonitinho, quanto à força do pentagrama musical. As páginas pares são deixadas aos leitores: profissionais ou aprendizes, para que possam utilizá-las, como melhor lhes convier, e se acharem necessário nelas escreverem suas partituras pessoais, já que o poema vem nas páginas ímpares.
Apesar da poesia de Kiko Ferreira dispensar apresentações, o livro vem com orelhas assinadas por Zeca Baleiro e Alícia.
Cohen e sua musa, ou um encontro de Cohen & Joplin no Chelsea Hotel, tudo isso pode ser motivo para um bom poema e nesse caso, poemas da melhor qualidade estética, com sutil musicalidade em sua leitura. O último poema a ser composto para o livro, inspirado no poema escrito para a saudosa pianista Glória Salgado, nos diz: “il primo piano:/plano de memória/toda tecla/plena de história/melodia/em/branco & preto/sete notas/e/suas ancestrais/em pauta/no livro salgado/da saudade”.
Kiko Ferreira é mineiro de Belo Horizonte e escreve desde os anos 70, em revistas e jornais da capital mineira. Atualmente é colaborador do jornal Estado de Minas, das revistas Hit e Ragga e é colunista da revista de economia Mercado Comum. Sua principal atividade é o radialismo. Responde pela programação da Rádio Guarani FM, emissora segmentada mineira - dedicada à boa música e à cultura. Tem trajetória de mais de 30 anos na área cultural, com atuação em rádio, jornal, televisão e projetos culturais. Na literatura, começou em 1982, com o independente Cordiana e já lançou Cio em Setembro (1989), Beijo Noir (1996), Belo Blue (1987, dentro da coleção Poesia Orbital, que comemorou os 100 anos de BH), Solo de Kalimba (2003) e Stet (2007). Participou de diversas coletâneas e foi publicado em veículos como Suplemento Literário de Minas Gerais, Mulheres Emergentes, livro síntese do projeto Terças Poéticas e muitos outros. É parceiro de Sérgio Moreira, Affonsinho, Gilvan de Oliveira e Danni Calixto.Musikaligrafia é um livro que se ouve com os olhos e se lê com os ouvidos.
Contatos: kiko2901@terra.com.br (autor) – scriptum@scriptum.com.br (editora).
Fantástico!!!!!!!!!!
ResponderExcluirUm livro que se ouve com os olhos e se lê com os ouvidos.
Na verdade não existe livro melhor que esse com certeza,deixo o meu aplauso com glórias por ter o privilégio de conhecer um poeta assim. Léa Lu
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